quinta-feira, 4 de junho de 2015

TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO

 
Os brasileiros tem uma alta prevalência de exposição a eventos traumáticos, como acidentes e homicídios, e é justamente nesse contexto que surge o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). No Brasil, ironicamente, o diagnóstico de TEPT tem recebido pouquíssima atenção, a despeito dos acidentes automobilísticos e da violência configurarem um problema de saúde pública de grande magnitude e transcendência. O TEPT traz prejuízos importantes aos seus portadores, levando a abuso de álcool, depressão e suicídio.

São duas as características centrais do TEPT: o evento traumático (a exposição a um evento que envolva a ocorrência ou a ameaça consistente de morte ou ferimentos graves para si ou para outros, associada a uma resposta intensa de medo, desamparo, ou horror) e a tríade psicopatológica: em resposta a este evento traumático, desenvolvem-se três dimensões de sintomas: o re-experimentar do evento traumático, a evitação de estímulos a ele associados e a presença persistente de sintomas de hiperestimulação autonômica.
 Assim sendo, o diagnóstico do TEPT tem início ao se detectar que a paciente tenha sofrido ou presenciado acontecimento traumático que envolveu intenso medo, impotência ou horror, com ameaça à própria vida ou de a de outras pessoas. Pós evento traumático a paciente passa a revivê-lo através de sonhos ou pesadelos relacionados a experiência traumática, pensamentos e imagens(flashbacks) recorrentes e passa por grande sofrimento quando confrontada com indícios que lembram aspectos do evento traumático.

São definidas como situações traumáticas: assalto, sequestro, violência sexual, acidente grave, situação de extrema periculosidade, tortura, terrorismo, guerra, incêndios, agressões, conhecimento de doença com risco de morte em filhos, diagnósticos de doenças que levem à morte, desastres automobilísticos e aéreos, contato com crianças mortas ou gravemente feridas, morte ou lesão grave de um colega de trabalho, suicídio de um colega ou qualquer evento de impacto importante e não habitual dentro de um grupo.

Alguns sintomas podem ser observados no transtorno de estresse pós-traumático, segundo o DSM IV-TR que são: dificuldades para dormir ou manter o sono, irritabilidade ou surtos de raiva, dificuldade em concentrar-se, sentir-se assustado ou espantado de forma exagerada. São também sintomas característicos do TEPT: a paciente tenta evitar pensamentos, conversas, locais, pessoas ou atividades que recordem a ocorrência do trauma passa a não se interessar por realizar atividades importantes para ela, isolamento e distanciamento das pessoas, inquietude, sobressaltos, vigilância excessiva das sensações físicas e do ambiente a sua volta e falta de perspectiva em relação ao futuro.

Para ser caracterizado como um transtorno, a duração dos sintomas deverá ser superior a mais de quatro semanas.

O tratamento do transtorno baseia-se numa associação entre medicação e psicoterapia cognitivo-comportamental. Os medicamentos ajudarão a diminuir a ansiedade e a psicoterapia vai auxiliar a paciente a lidar com os momentos nos quais ela revive o acontecimento traumático, ajudando-a a lidar com os flashbacks, as lembranças. Dessa forma tentando reinseri-la no convívio com a sociedade e com as situações que ela evita por estarem de alguma forma relacionadas ao trauma.

Caso você apresente, por mais de quatro semanas, a presença de alguns dos sintomas acima relatados é necessário procurar ajuda de um profissional na área de saúde mental: um psiquiatra ou um psicólogo, que poderá orientá-lo da forma correta. É importante lembrar que quanto antes for iniciado o tratamento, melhor será a evolução.

- Bruna Dultra -

FONTE:
Figueira I, Mendlowicz M. Diagnóstico do Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Rev Bras Psiquiatr 2003;25(Supl I):12-6. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbp/v25s1/a04v25s1.pdf>.
Ursano RJ. Post-traumatic stress disorder. N Engl J Med 2002;346:130-2. Disponível em: <http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJM200205093461913>.

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