Os
brasileiros tem uma alta prevalência de exposição a eventos traumáticos, como
acidentes e homicídios, e é justamente nesse contexto que surge o transtorno de
estresse pós-traumático (TEPT). No Brasil, ironicamente, o diagnóstico de TEPT
tem recebido pouquíssima atenção, a despeito dos acidentes automobilísticos e
da violência configurarem um problema de saúde pública de grande magnitude e
transcendência. O TEPT traz
prejuízos importantes aos seus portadores, levando a abuso de álcool, depressão
e suicídio.
São duas as
características centrais do TEPT: o
evento traumático (a exposição a um evento que envolva a ocorrência ou a
ameaça consistente de morte ou ferimentos graves para si ou para outros,
associada a uma resposta intensa de medo, desamparo, ou horror) e a tríade psicopatológica: em resposta a
este evento traumático, desenvolvem-se três dimensões de sintomas: o
re-experimentar do evento traumático, a evitação de estímulos a ele associados
e a presença persistente de sintomas de hiperestimulação autonômica.
São definidas como situações traumáticas: assalto, sequestro, violência sexual, acidente grave, situação de
extrema periculosidade, tortura, terrorismo, guerra, incêndios, agressões,
conhecimento de doença com risco de morte em filhos, diagnósticos de doenças
que levem à morte, desastres automobilísticos e aéreos, contato com crianças
mortas ou gravemente feridas, morte ou lesão grave de um colega de trabalho,
suicídio de um colega ou qualquer evento de impacto importante e não habitual
dentro de um grupo.
Alguns
sintomas podem ser observados no transtorno de estresse pós-traumático, segundo
o DSM IV-TR que são: dificuldades para dormir ou manter o sono, irritabilidade
ou surtos de raiva, dificuldade em concentrar-se, sentir-se assustado ou
espantado de forma exagerada. São também sintomas característicos do TEPT: a paciente tenta evitar pensamentos,
conversas, locais, pessoas ou atividades que recordem a ocorrência do trauma passa a não se
interessar por realizar atividades importantes para ela, isolamento e
distanciamento das pessoas, inquietude, sobressaltos, vigilância excessiva das
sensações físicas e do ambiente a sua volta e falta de perspectiva em relação
ao futuro.
Para ser caracterizado
como um transtorno, a duração dos sintomas deverá ser superior a mais de quatro
semanas.
O tratamento do transtorno baseia-se numa
associação entre medicação e psicoterapia cognitivo-comportamental. Os
medicamentos ajudarão a diminuir a ansiedade e a psicoterapia vai auxiliar a
paciente a lidar com os momentos nos quais ela revive o acontecimento
traumático, ajudando-a a lidar com os flashbacks, as lembranças. Dessa forma
tentando reinseri-la no convívio com a sociedade e com as situações que ela evita
por estarem de alguma forma relacionadas ao trauma.
Caso você
apresente, por mais de quatro semanas, a presença de alguns dos sintomas acima
relatados é necessário procurar ajuda de um profissional na
área de saúde mental: um psiquiatra ou um psicólogo, que poderá orientá-lo da
forma correta. É importante lembrar que quanto
antes for iniciado o tratamento, melhor será a evolução.
- Bruna Dultra -
FONTE:
Figueira I, Mendlowicz M. Diagnóstico do Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Rev Bras Psiquiatr 2003;25(Supl I):12-6. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbp/v25s1/a04v25s1.pdf>.
Ursano RJ.
Post-traumatic stress disorder. N Engl J Med 2002;346:130-2. Disponível em: <http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJM200205093461913>.Figueira I, Mendlowicz M. Diagnóstico do Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Rev Bras Psiquiatr 2003;25(Supl I):12-6. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbp/v25s1/a04v25s1.pdf>.
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