sexta-feira, 19 de junho de 2015

FOBIA SOCIAL, A TIMIDEZ PATOLÓGICA

Como já falamos anteriormente aqui no blog a ansiedade pode ser um estado afetivo normal e é vantajoso responder com ansiedade a certas situações ameaçadoras. Então, será que sentir-se ansioso antes de uma apresentação na faculdade é patológico? Não necessariamente, pois a resposta ansiosa faz parte do sistema adaptativo de sobrevivência, sendo um legado evolucionário cuja importância não deve ser subestimada, desempenhando importantes funções em muitas situações.

 Diante disto, você saberia dizer o que é a FOBIA SOCIAL ou TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL?

Seria quando a resposta a determinado estímulo é inadequada, em virtude de sua intensidade, duração e sintomas, desta forma, paralisa o indivíduo, traz prejuízo ao seu bem-estar e ao seu desempenho e não permite que ele se prepare e enfrente as situações ameaçadoras.

CARACTERÍSTICA PRINCIPAL: medo persistente e excessivo de ser criticado e julgado em situações sociais ou de desempenho.
As pessoas que sofrem de fobia social têm a expectativa de que serão avaliados negativamente em situações onde tenham de desempenhar ações sendo observados, com medo de se sentirem embaraçados; ficam ainda assustados quando alguém nota seus sintomas de ansiedade (rubor facial, tremor, sudorese, entre outros). O medo dessas situações e a ansiedade provocada quando têm de ser enfrentadas é tão intenso que leva o indivíduo a evitar atividades em público e situações onde tais possibilidades possam surgir.
A tabela a seguir demonstrará as situações mais comuns que podem provocar ansiedade nos fóbicos sociais:



DIAGNÓSTICO

No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 4a edição (DSM-IV), a fobia social está incluída nos "Transtornos de Ansiedade"; na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas de Saúde, 10aRevisão (CID-10), na classificação de transtornos mentais e comportamentais está agrupada como "Transtornos Fóbicos de Ansiedade". Uma comparação dos critérios diagnósticos para ansiedade social pode ser vista na tabela:

A fobia social possui dois tipos básicos: a circunscrita, isto é, restrita a apenas um tipo de situação social. A pessoa teme, por exemplo, escrever na frente de outros.

O segundo tipo é a generalizada, que se caracteriza pelo temor a todas ou quase todas situações sociais. A esquiva é importante para o diagnóstico, e em casos extremos pode resultar em um total isolamento social.


TEM TRATAMENTO?

Atualmente, os estudos indicam que muitos fármacos possam ser úteis no tratamento deste transtorno. Os ISRS (inibidores seletivos da recaptação da serotonina) são hoje a primeira escolha, e provavelmente, os benzodiazepínicos a segunda escolha no tratamento da fobia social.

Entre 35-65% dos pacientes respondem ao tratamento em 2 a 3 meses, embora, como regra, persistam ainda sintomas residuais. Neste sentido, a combinação de TCC (terapia cognitivo-comportamental) e farmacoterapia é uma alternativa no tratamento da fobia social em adultos. Ainda não está claro o quanto um tratamento farmacológico bem sucedido auxilia no restabelecimento do funcionamento normal das atividades dopaminérgica e serotonérgica.  Vários fatores como o subtipo de fobia social, presença de comorbidade, história de tratamento prévio, preferência do paciente e efeitos adversos devem ser considerados na escolha do fármaco.

A efetividade da TCC na fobia social em adultos está documentada em pelo menos cinco estudos de metanálise. Há melhora no medo de interação e de performance sociais, mas também da incapacitação e depressão associadas.


RELEVÂNCIA MÉDICO-SOCIAL

  • Embora não seja considerado um transtorno incapacitante, é reconhecido como passível de acarretar prejuízos graves em diferentes áreas da vida;
  • A idade de início do quadro se dá na adolescência ou na infância;
  • Estudos retrospectivos apontam para um curso crônico de difícil remissão espontânea;
  • Estima-se que 5% a 13% da população geral apresente sintomas fóbicos sociais que resultem em diferentes graus de incapacitação e limitações sociais e ocupacionais.




-Guilherme Pimentel-


REFERÊNCIAS:

GOUVEIA, J. P. Ansiedade social: da timidez à fobia social. 2000. Disponível em: < http://baes.sdum.uminho.pt/handle/1822.1/173>. Acesso em: 14/06/2015.

NARDI, A. E. O tratamento farmacológico da fobia social. Rev. Bras. Psiquiatr. 1999. Disponível em: < http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44461999000400015>. Acesso em: 14/06/2015.

NETO, T. P. B. Fobia social: perfil clínico, comorbidade e diagnóstico diferencial. Disponível em: <http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol27/n6/artigos/art309.htm#inicio>. Acesso em 14/06/2015.

3 comentários:

  1. Muitas vezes damos pouca importância para questões do âmbito psicológico, entretanto, esse texto deixa clara a importância dessas questões.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Muito interessante esse post...as vezes não nos damos conta quando algo se torna problemático e disfuncional para a vida de alguém! A fobia social tem relevância social por ser um transtorno capaz de trazer prejuízos graves para a vida do individuo. Parabéns ao grupo pela forma simples e objetiva de abordar o tema.

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